
Queria ter uma opinião imparcial. Queria poder ser totalmente justa agora. Mas, não dá. Ao menos não quando justiça foi tudo o que não houve. Então, sou imparcial sim, injusta e revoltada. Que palhaçada foi essa do STF? Quer dizer que, para ser jornalista, ninguém precisa comprovar que ao menos possui a técnica de transmissão de informações? O que eles pretendem com isso? Porque esse papo de “essa lei foi imposta na época da ditadura e fere a liberdade de expressão proposta pela Constituição de 1988” não colou. Não mesmo.
Então, é assim que é. Eu estudo durante quatro anos, agüento abuso de professores sádicos, trabalhos carregados, discriminação dos estudantes dos outros cursos (que, não se sabe por que, não suportam estudantes de comunicação), além dos problemas estruturais do próprio curso e o descaso que as entidades responsáveis adoram demonstrar por nós.
Depois de passar por tudo isso, de cabeça erguida, procurando um motivo pra dizer “mas, nesse aspecto, o curso ainda vale a pena” e, quando finalmente acho, vem o STF e derruba não só a obrigatoriedade do diploma (que, ainda assim, não era garantia de emprego – muito menos bom emprego), mas com toda a construção de uma idéia e de um sentimento de pertencimento.
Fiquei arrasada, completamente devastada moralmente. Alguns choraram, outros dormiram mal, outros ainda nem se importaram. Mas, eu? Me importo sim e muito. Quer dizer que eu vou perder uma vaga de emprego para um marmanjo que mal acabou a quinta série e que vai escrever o que o patrão mandar? A manipulação agora vai ser mais fácil ainda? É isso mesmo, companheiro?
E de que servirão minhas leituras de Santaella, Orlandi, Muniz Sodré, Habermas, Horkheimer, Adorno, Mourin, Ciro Marcondes, entre tantos outros que minha falha memória não lembra, mas que, definitivamente, um aluno que nunca nem passou na porta de uma faculdade de comunicação não saberá quem são?
E toda a técnica que autores como Nilson Lage, por exemplo, nos ensinam em seus livros? Isso tudo se resumirá a redações de jornais e TV e a ética que se exploda?
E a ética, meu Deus? Se sabendo do código de conduta jornalístico, a ética é quase inexistente, imagine agora?
Os donos de conglomerados de comunicação (e políticos também, por que não?) estão satisfeitos com isso, afinal, manipulação sempre rimou com comunicação. Grupos políticos, agora sim vocês têm todo o poder que almejaram! E eu e você, caro leitor subjugado, onde ficamos? Quer saber mesmo?