domingo, 31 de maio de 2009

Sobre as dependências...

Não, não é sobre a dependência química que vou falar, apesar de ser particularmente viciada em gomas de mascar (embora ache que isso esteja mais relacionado a um possível tique nervoso do que a um vício propriamente dito). Quero tratar, aqui, da dependência que todos nós temos diante dos artefatos eletrônicos, também conhecidos por “privilégios ocidentais”.

Até que ponto podemos chamá-los de privilégio? Claro que ter uma água quentinha ao acordar cedo, ou poder conversar com pessoas distantes pela internet é um benefício tremendo, mas e quando isso atinge um nível absurdo de dependência? Continua sendo, mesmo assim, um privilégio?

Tomo por exemplo eu mesma. Quando ocorre algum blecaute ou falta água, entro em pânico. O blecaute me assusta por me impedir de fazer qualquer coisa, principalmente à noite, quando está muito escuro para ler ou para fazer qualquer outra coisa. Já a água, quando falta, deixa minha vida completamente caótica. Sinto-me suja e desesperada, além de sedenta. E isso ocorre em um curto período de tempo.

Há pessoas que não passam um dia sequer sem acessar a internet e verificar suas páginas eletrônicas, sejam blogs, orkut, twitter, facebook ou whatever. Eu mesma me considero uma dessas pessoas. Porém, há pessoas que vivem sua vida onlinemente. Acordam (se é que chegam a dormir), ligam o pc (se ele já não tiver passado a noite inteira ligado) e, pronto, passam o dia inteiro conectados. Isso não me parece saudável, assim como ficar o dia todo jogando vídeo game ou assistindo televisão. Acho que os neurônios morrem quando isso acontece...

A questão é: há vida lá fora, gente! Tem sol (se bem que mais chuva ultimamente), tem ar (nem tão puro, mas tem!), árvores fazendo a fotossíntese, animais aéreos pousando na janela da sua casa, frutas caindo nos capôs dos carros estacionados, pessoas apressadas, pessoas não tão apressadas, mar (não muito limpo), a companhia dos amigos, enfim, uma infinidade de coisas acontecendo além das telas de LCD mostrando verdades virtuais. Não se deixem levar pela ilusão dos pixels a sua frente. Ande, movimente-se e, enfim, viva!

*Post um pouco insano, mas havia um bom tempo que não escrevia nada. Prometo que da próxima vez vou caprichar :)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ten things I’ve never done


Ou, traduzindo: Dez coisas que eu nunca fiz. Sim, isso é coisa de quem não tem o que falar e, no momento, eu me encaixo nessa categoria de pessoas. Já sei que o meu futuro como jornalista não vai ser dos mais brilhantes (Crise de auto-estima? Chama Dinart!).

Ok, parando com a bobagem, quero falar sobre dez coisas que nunca fiz. Nem sei se vou conseguir pensar nelas (não vale coisas esdrúxulas como “nunca comi uma cadeira” ou “nunca fui ao Triângulo das Bermudas”), mas vale para você também, querido apreciador das minhas tentativas textuais, pensar em coisas simples, mas que nunca fez. Pare pra pensar também no porquê de tal façanha. Bem, essa é a minha listinha:

• Nunca postei vídeos no youtube. Tá, provavelmente muitas pessoas também não, mas é que parece ser uma coisa tão comum atualmente que deu vontade de mencionar;
• Nunca assisti a um episódio de Heroes até o fim. Juro que já tentei, mas um documentário sobre amebas marinhas (se é que isso existe) me empolgaria mais;
• Nunca ouvi Jimmy Hendrix. Podem me matar, mas eu simplesmente nunca procurei ouvir. Virtuosismo na guitarra pode até ser legal, mas não faz diferença alguma pra mim. Nunca vou saber se o guitarrista toca bem ou se errou três acordes;
• Nunca assisti a qualquer filme da franquia 007. Pura falta de interesse mesmo;
• Nunca dormi pelada. Estou tão condicionada a dormir de camisola, baby-doll ou camisa de político que, das vezes em que tentei dormir sem nada, senti como se estivesse faltando algo (é, né, estava sim, mas nem o calor de matar me deixa dormir assim);
• Nunca li Dostoievski, Schopenhauer ou Nietzsche. Não tenho a bagagem suficiente para uma leitura desse porte (apesar de que o professor disse que Nietzsche não era tão profundo assim);
• Nunca quis fazer medicina. Morro de angústia e agonia ao ver acidentes, cirurgias e até mesmo unhas quebradas;
• Nunca tomei absinto. Não sei por quê;
• Nunca fui a Tambaba. Eu sei que tem a parte dos vestidos, mas não sei o caminho pra ir até lá;
• Nunca joguei Guitar Hero. Sou tão old school que prefiro Super Nintendo com seu Mário e Luigi, Power Rangers, Mortal Kombat e Top Gear a essas novas manias como jogos online e nintendo wii;
• Por último e não menos importante: NUNCA FUI A UM SHOW DE FORRÓ. É a coisa da qual mais sinto orgulho em toda a minha curta existência (que me desculpem os forrozeiros). Acho que nem preciso dizer por que nunca fiz isso, não é?

Bem, agora é sua vez: quais são as dez coisas que você nunca fez? Que você se orgulhe ou não (eu não me orgulho de muitas coisas da minha lista), mas apenas diga. Assim, quem sabe, as outras pessoas não te ajudem a fazê-las? Just try :D

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Vocês conhecem Ednaldo Pereira?


Conheci esta sensação da MPB no ano de 2008, através de amigos. De início, não havia percebido a genialidade de suas letras irreverentes e, ao mesmo tempo, politizadas. Porém, aos poucos refleti sobre o conteúdo lírico que ele expressa de maneira inovadora e moderna. Suas músicas falam de tudo um pouco: solidariedade, amor, relacionamentos, religião e política, numa mistura que até então poderia ser classificada apenas como excêntrica, mas que, feita por ele torna-se muito mais do que excentricidade, assumindo um caráter autêntico e, no mínimo, interessante.

Tanta coerência se dá ao fato de Ednaldo ser uma criatura múltipla. Ele compõe, canta, dança e ainda atua em seus vídeos. Esse pluriartista é um ser como todos os outros, exceto por um dado: ao passo que sofre, é inspirado e transforma suas inquietações de homem moderno nesse mundo regido pela inteligência artificial em poesia e lirismo. A seguir, analiso as letras de seu primeiro álbum, Mesclado.


What is the brother? é a faixa que abre o cd. Apesar do título ser em inglês (explicarei mais adiante o porquê disso), a letra é em português e Ednaldo, aqui, fala de sua primeira inquietação como homem moderno: o sistema. O trecho “Vamos mudar/ Esse sistema/ De vida que de fato está/ Não podemos assim continuar” evidencia esse tom confessional e, ao mesmo tempo, indignado com o mundo em que vivemos. Ele deseja mudança e por isso propõe a igualdade, o respeito às gerações novas e antigas, a caridade e a bondade. O What is the brother? do título é o questionamento que ele faz ao ouvinte e, logo depois, soluciona o problema ao propor as mudanças.


A próxima faixa chama-se Mesclado. A faixa-título do álbum é, ao mesmo tempo, um diálogo com o ouvinte, um desabafo do eu - lírico ednaldiano e uma descrição do próprio cd Mesclado. Ele dialoga conosco quando afirma “Mesclei seu coração com toda a razão”. O desabafo ocorre na seguinte estrofe: “Mesclado, Mesclado/ Como é bom e confortável/ Mesclar e se sentir e uma ascensão agradável/ De uma expressão cheia de emoção”. E a descrição do cd é a primeira informação que temos: “Mesclei um Método De metodizar/ Falei de diversos assuntos relativos/ Sobre mais de uma questão/ Que diz a respeito da situação”.


A terceira faixa, batizada de Hora, lembra-nos da dádiva do tempo e de como não o aproveitamos devidamente. O tempo é sagrado e deve ser bem utilizado, de forma digna e assim, ele se sente honrado por fazer bom uso de seu tempo. E que ao usar suas horas de maneira benéfica, ele atinge a perfeição.


Doce, doce amor não precisa de explicações. É a típica música romântica, uma declaração sincera à sua amada com um pedido simples: prová-la de que seu amor é verdadeiro e de que ela é a única inspiração para seus delírios de amor.


Homem Oferecido, a quinta faixa do álbum, trata da dificuldade do relacionamento entre homens e mulheres. A mulher, mantém-se na defensiva e não demonstra o interesse pela investida masculina, porém, quando o homem prova que seu empenho é real, a mulher, enfim, cede.


A sexta faixa, Mulher Contrariada, é uma continuação do assunto da faixa anterior, cujo diferencial encontra-se na mudança de ótica. Lá, o homem era o sujeito da ação e, aqui, a mulher incorpora tal papel. Aqui, mulheres e homens continuam a não se entender, porém, o relacionamento entre eles já existe. O homem é ciente de que eles não se compreendem, porém, aceita o desafio e assim, formam um “casal fora do normal”. É a insistência no relacionamento, mais uma vez, nos mostra Ednaldo, que vale a pena. Viver com uma mulher contrariada “dá em nada”, porém nem todas são assim e o amor deve prevalecer.


Em seguida, Ednaldo nos presenteia com Jaz, uma música com tom fúnebre, mas que no entanto fala sobre vida e esperança e, por que não, renascimento também. É o nosso grande Ednaldo tratando da dubiedade da vivência humana de maneira espetacular e metafórica.


Em Ninguém, oitava música do cd, Ednaldo fala da dificuldade de compreendermos o próximo. É a diferença na semelhança e a semelhança na diferença, o pressuposto que rege toda a humanidade. Além disso, a desesperança que o amor nos oferece: ele quer a amada junto a ele, porém, ela não está e, indignado, ele se pergunta “Por quê?”. É o tom filosófico do amor que conduz esta bela canção.


Na seqüência, a balada Homens que entram no vagão entra em ação. Nela, é impossível não perceber a metáfora política e social presente. O verso “homens que entraram no vagão e não querem mais sair deste trem” remete aos políticos detentores do poder e que se perpetuam através da continuidade de seus filhos e netos. Já no verso “se este barco não virar, nós estamos na mesma situação” diz respeito ao sistema que nos comanda e manobra, fazendo com que não enxerguemos seu poder alienante, deixando-nos sempre “alegres”.


A décima faixa, intitulada Chance, nos mostra as principais inquietações do homem: a vida profissional, sentimental e religiosa. Em todas elas ansiamos pela conquista plena e, assim, esperamos pela chance de realizá-las, assim como o próprio Ednaldo afirma na primeira estrofe: “sem perder, vou tentar/ realizar e assim conquistar”. Sentimentalmente, o homem só se completa quando tem a oportunidade de declarar que só precisa do carinho da amada e que ela, ao escutar a declaração, o aceite. Percebemos também que Ednaldo tem uma conexão muito forte com Deus: “Chance, tenho de invocar/ E falar com o Deus de Israel/ Que fez a terra e os céus/ Através de uma oração/ Que vem do meu coração”. É uma música essencialmente esperançosa.


A décima primeira faixa recebe o nome de Indiferença. Nela, Ednaldo apela para um lirismo erótico, porém com classe. As estrofes “Faz em mim, o que queres de bom que eu faça em ti/ A interrupção prejudica a nossa relação” e “Sei que sinto muito prazer em seu corpo não sei porque/ Eu dizendo que te amo, você dizendo que me ama/ E assim garota só nos dois em uma cama” mostram claramente esse lado. O outro lado da música é, como o título indica, a indiferença da moça, apesar de tamanha cumplicidade que há entre os dois. É Ednaldo mais uma vez nos mostrando a ambigüidade da vida e dos relacionamentos.


E, dessa forma, chegamos ao fim de nossa viagem Ednaldiana. Espero que vocês tenham apreciado e que os preconceitos acerca dessa nova música de vanguarda caiam por terra. Deixe-se emocionar e viajar nesse mundo de filosofia, amor e metáforas sociais.

Para quem não o conhece ainda, assista ao vídeo mais famoso de sua vasta videografia: http://www.youtube.com/watch?v=r6Zv6QPFG2s

E, para mais informações, acesse o blog: http://chancenaweb.blogspot.com/ e saiba mais da vida deste maravilhoso músico.


(Brincadeira com Ednaldo, gente, espero que vocês tenham gostado! Críticas e sugestões são super bem vindas!)